Lançamento da Campanha “Salve o Rio Branco, Patrimônio de Roraima” é destaque na imprensa
Da Folha de Boa Vista, 30/11/2012
Ativistas protestam contra hidrelétrica
Com o objetivo de evitar que se construa a Hidrelétrica do Bem-Querer dentro da área do sítio arqueológico, conforme tramita no Senado Federal no Projeto de Decreto Legislativo nº 201/ 2007, organizações, entidades e a população em geral se reuniram na campanha “Salve o Rio Branco, Patrimônio de Roraima”, no início da tarde de ontem, na avenida Santos Dumont, às margens do rio Branco, bairro São Pedro.
Paralela a apresentação de artistas, de vídeos com depoimentos e informações passadas por especialistas sobre a situação, um abaixo-assinado foi lançado em defesa do rio, exigindo a imediata paralisação dos procedimentos administrativos na esfera federal e estadual relativos à construção da hidrelétrica. A pretensão é colher 15 mil assinaturas.
Segundo um dos organizadores do manifesto, o biólogo Ciro Barros, tudo começou após a edição da Emenda Constitucional nº 03, de 23 de outubro de 2012, pela Assembleia Legislativa de Roraima, que retirou o tombamento das corredeiras do Bem Querer, no município de Caracaraí, e da faixa de 500 metros das margens do rio Branco, bens anteriormente protegidos pelo artigo 159 da Constituição do Estado de Roraima.
“A hidrelétrica é, sem dúvida, a maior preocupação, mas existem outras como a poluição que pode ser ocasionada com construções de indústrias nas proximidades do ambiente e o declínio da atividade pesqueira”, salientou o biólogo.
Dentre os impactos socioambientais que a barragem trará ao Estado, conforme ele, está a inundação de propriedades rurais localizadas nas margens do rio Branco desde a barragem localizada a 10 km acima da sede de Caracaraí até a confluência dos rios Uraricoera e Tacutu, que dão origem ao Branco, ao Norte. Os municípios de Iracema, Mucajaí, Boa Vista, Cantá e Bonfim também poderão ser atingidos.
O movimento entende que a segurança energética é necessária, mas há várias outras maneiras de se conseguir, como a união do Linhão de Guri e da Hidrelétrica de Tucuruí, que até 2015 estarão operando em regimes complementares, sendo suficiente para atender a demanda em Roraima, podendo inclusive vender energia a outros Estados. “Assim como foi informado, segundo o Atlas Eólico Brasileiro, existe aqui um grande potencial eólico, sendo o campeão do vento. Então a construção da hidrelétrica nas corredeiras do Bem-Querer é desnecessária”, explicou Barros.
Além do movimento Puraké, mais de 30 organizações, empresários, entidades do setor pesqueiro, agricultura e pecuária, igrejas católicas e evangélicas e membros da sociedade estão envolvidos nessa mobilização.
Para o empresário e pescador há mais de 25 anos Stanley Boboco, a situação precisa ser revista, pois se sente prejudicado assim como os outros profissionais. “Não só nós pescadores, mas a população roraimense, precisa se unir a nós nesta causa. Faz-se necessário que nossos representantes também tomem conhecimento dos prejuízos que podem ser causados ao Estado. Por isso estou junto nessa campanha”, ressaltou ao dizer que tudo que conquistou hoje é fruto do seu trabalho.
Os manifestantes estão planejando outras ações como levar a campanha para outros municípios, principalmente àqueles que serão afetados diretamente. E começar reuniões com especialistas para construir uma fundamentação técnica que mostre outras alternativas de energia como a eólica, pois Roraima existe uma enorme possibilidade, é a solar. Usaremos sempre as redes sociais na internet para divulgação e montaremos um grupo que tome a frente e acompanhe toda a parte administrativa e judicial das nossas propostas”, frisou Barros.
O comerciante Fábio Pampoulha, 34, acompanha a iniciativa da mobilização desde quando começou, mas ainda não tinha participado de nenhum evento. “Mas hoje estou aqui porque me preocupo com o futuro do nosso Estado. Esse é o momento de nos mostrarmos interessados em proteger o que é nosso e zelar por isso”, disse.